Meio Ambiente, uma palavra que esta muito incorporada no dia-a-dia, mostrando-se nas mais variadas situações e oportunidades, notadamente quando ligada aos recursos ambientais.
Meio ambiente é a expressão incorporada à língua portuguesa para indicar segundo o dicionário básico da língua portuguesa Aurélio, "o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos". Trata-se, como adverte Ramón Martin Mateo, de um termo redundante, uma vez que meio e ambiente são equivalentes, possuem o mesmo significado.
Pelo conceito ecológico, meio ambiente é a soma total das condições externas circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objeto existe, acrescentando-se que os organismos podem ser parte do ambiente de outro organismo.
Outro significado diz que meio ambiente, são os meios que sustentam a vida e que estão divididos em meio biótico (fauna e flora), meio abiótico (meio físico: água, ar, solo) e meio antrópico (todas as modificações provocadas pelo homem no meio ambiente: cidades, patrimônios arqueológicos, culturais e históricos, etc.).
Todos esses significados da palavra meio ambiente apesar de fornecerem dados para sua compreensão conceitual, deixam um pouco a desejar, até a palavra meio ambiente, deixa a desejar, porque por vezes remete a impressão de meio e não de um ambiente inteiro, vivo e complexo que depende de toda uma estrutura sistêmica.
Gosto muito da definição de Paulo Freire que define meio ambiente, “como o conjunto de componentes físico-químicos e biológicos associados a fatores socioculturais suscetíveis de afetar, direta ou indiretamente, a curto ou longo prazos, os seres vivos e as atividades humanas no ambiente globalizante da ecosfera”.
Quando se discute a questão do meio ambiente, é comum invocar a extrema fragilidade de nosso planeta como argumento contra a intervenção humana. Entretanto, por incrível que pareça, seria mais verdadeiro dizer que projetamos na Terra nossa própria fragilidade e limitação. Estudos geológicos revelam que nosso planeta já passou por inúmeras vicissitudes: violentíssimos terremotos e erupções vulcânicas, rompimento da crosta terrestre e impacto de grandes meteoros. A todas elas sobreviveu. Mesmo a vida vem resistindo às drásticas mudanças no ambiente terrestre. Se hoje assistimos apreensivos a crescente extinção de espécies, em decorrência da atividade humana, vale lembrar que, em eras geológicas passadas, muito antes de começarmos fazer fogueiras, houve períodos críticos de extinções maciças. Um deles ocorreu há cerca de 250 milhões de anos, quando 90% das espécies desapareceram.
Uma nova abordagem do estudo do ambiente vê nosso planeta como um ser vivo, um superorganismo que sempre se adapta a perturbações, buscando manter mínimas condições de vida, sem privilegiar nenhuma forma de vida em especial. De acordo com essa visão - denominada Hipótese de Gaia -, se uma espécie tenta modificar profundamente as condições de equilíbrio ideais para a manutenção da vida Gaia pode reagir e procurar as condições de equilíbrio de seu corpo, alterando drasticamente as condições ambientais. Isso deve servir de alerta para nós, que nos caracterizamos, como espécie, pela capacidade de ação transformadora sobre o ambiente. Nossa história fornece eloquentes exemplos das conseqüências desastrosas do manejo irresponsável do ambiente, lição de que crise ecológica não é um fenômeno recente, nem uma “conquista” da sociedade moderna.
Há 11 mil anos as temperaturas mais amenas e a vegetação mais abundante da Mesopotâmia facilitaram a fixação do homem a terra e o início da agricultura. Em 2500 a.C, o rei Gilgamesh resolveu homenagear-se com a construção de uma cidade. A beira do Eufrates, na região de Uruk, uma densa mata forneceu generosa madeira aos sonhos do rei. O episódio assinala, também, a intensificação da devastação da Mesopotâmia. A perda constante da matas daquela região trouxe atrás de si a erosão e o empobrecimento do solo, acelerando a decadência das civilizações mesopotâmicas. Hoje, a região entre os dois rios é praticamente um deserto.
Destinos parecidos tiveram os Maias (apesar de ser uma sociedade avançada e criativa), que fundaram uma florescente civilização, cujo apogeu ocorreu no século VII d.C., em plena floresta tropical, na América Central. Subitamente desapareceram nos meados do século XV d.C., não deixando outros vestígios além se suas grandiosas cidades e monumentos. A incessante busca de madeira para as construções e o emprego de métodos ineficazes para arar o solo trouxeram a erosão. O solo tornou-se estéril e os diques armazenadores de água para a população sofreram assoreamento. Para não morrer de fome e de sede, os Maias foram obrigados a abandonar tudo. Séculos depois, como irônica vingança, suas cidades foram tragadas pela floresta. Dentro deste contexto anda poderíamos citar os Anasazi e a Ilha de Páscoa. E ainda devemos lembrar que nem todas as sociedades antigas trilharam esse percurso em direção a extinção decorrente de catástrofes ambientais, algumas sociedades ancestrais traziam um profundo respeito pela natureza e entendiam todos os processos decorrentes dela, como por exemplo, os Celtas (dedicarei a eles um texto em Povos Ancestrais).
Mas foi a partir da Segunda Grande Guerra, que o impacto de presença humana sobre a Terra tornou-se mais acentuado, em consequência do vertiginoso aumento da população e das novas técnicas de produção industrial. Simultaneamente, mais e mais pessoas começaram a tomar consciência da ameaça que pesa sobre nós, ao perceberem que o uso descontrolado dos recursos ambientais pode gerar graves problemas, como efeito estufa, diminuição da camada de ozônio e escassez de recursos hídricos. Um ponto importante nesta nova consciência é o de que cada um de nós, e não apenas governos e indústrias têm um papel importante na preservação da vida no planeta e pode assumir pequenas, mas eficazes atitudes em prol dessa causa.
O fundamental é que conheçamos muito bem não só nossos limites, mas também o mundo em que vivemos e a natureza da qual dependemos. Assim, devemos nos conscientizar e aprender como agir e até onde podemos chegar na exploração dos recursos naturais, para que Gaia não nos rejeite e não passemos para a historia apenas como um fóssil a mais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SARIEGO, José. Educação Ambiental. Ed. Scipione.
DIAMOND, Jared. Colapso. Ed. Record.
MARQUES, José R. Meio Ambiente Urbano. Ed. Forense.